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"Vai tudo bem contigo?"


Existem perguntas certas feitas por pessoas erradas que requerem respostas indevidas. Por isso, se não estou habilitado a lhe fazer perguntas, devo permanecer calado. Lá no antigo testamento tem uma história do profeta Elizeu, com seu moço Geazi e uma sunamita apreensiva pela morte de seu filho. Elizeu tinha anunciado que a sunamita teria um filho, e ela realmente teve. Anos depois o menino faleceu e a mãe foi procurar o profeta para confrontá-lo, pois como haveria de aceitar a morte se a vida do menino era uma promessa divina?

Nesse ínterim surge o breve diálogo de Geazi, o moço do profeta, com a sunamita. Elizeu vê de longe a sunamita e manda Geazi ao encontro dela. Geazi quando a encontra, pergunta-lhe: - Vai tudo bem contigo? Pronto, o circo tá armado. A resposta óbvia seria, - não, não está nada bem, meu filho morreu..., mas, eis que a sunamita de forma inusitada, responde: Vai tudo bem. Como assim vai tudo bem? Qual mãe com um filho que acabara de morrer responderia de forma tão concisa que estaria tudo bem?

A questão é que há muita coisa entre o céu e a terra que a nossa vã filosofia desconhece. Existem ambientes, situações, pessoas, que não oferecem as condições devidas para que eu ou outro alguém exponha as emoções, sentimentos ou vontades de maneira sincera. O salmo 25.14 expressa muito bem essa questão. A intimidade só é possível quando há respeito, reverência e temor. Dificilmente vou abrir minha vida para alguém que não inspira confiança ou compromisso algum com minha história de vida. O mundo é cruel demais para que sejamos tão ingênuos.

Além do mais, nessa sociedade de controle, quase não temos oportunidade para ser, apenas para aparentar ser. São muitos os mecanismos de controle de conduta. Perguntas simples como ‘vai tudo bem contigo?’, escondem quando não uma contraditória indiferença, uma vontade indescritível de julgamento, por isso, não questione se você não tiver condições de ajudar, ou se não tiver interesse pela resposta. Dizem que até o tolo passa-se por sábio quando fica em silêncio, então, ao invés de perguntas, escolha o silêncio da compreensão.

Escolha a liberdade para ser e deixar que o outro também seja. Crie os ambientes necessários para que as pessoas possam ser elas mesmas, sem fantasias e ilusões. O vai tudo bem contigo só compete a quem de direito. A quem conhece o outro, a quem não quer apenas reprimir, mas ajudar. Neste ano de 2011, busque ser mais humano, mais consciente de sua própria existência e do seu semelhante. Que Deus nos livre de todo mal.